Quem é o prof. Denilso de Lima?
Indo direto ao assunto, coloco abaixo um pouco do meu currículo como profissional especialista em ensino de língua inglesa. Na sequência, conto um resumo da minha história! Assim, a gente fica se conhecendo melhor.
Currículo Resumido
Comecei a dar aulas de inglês em 1993. Trabalhei em unidades da Skill, CCAA, Cultura Inglesa, Instituto Britânico, inFlux, Fisk, CNA e outras tantas. Além de professor de inglês, também já atuei como coordenador pedagógico e coordenador pedagógico nacional de uma rede de franquias.
Devido minha experiência, escrevi 3 livros voltados para o aprendizado de inglês:
- Inglês na Ponta da Língua – método inovador para melhorar seu vocabulário
- Combinando Palavras em Inglês – seja fluente em inglês aprendendo collocations
- Gramática de Uso da Língua – a gramática do Inglês na Ponta da Língua
Em 1997, decidi levar a sério a profissão de ensino de inglês. Desde então tenho me dedicado às seguintes áreas da Linguística e do Ensino de Inglês: Linguística de Corpus, Abordagem Lexical, Teaching Unplugged, Communicative Language Teaching (Abordagem Comunicativa), o Papel do Cérebro na Aquisição Gramatical e Lexical da Língua Inglesa, Desenvolvimento da Fluência, Aquisição Lexical em Segunda Língua e outras mais específicas.
Como sou também professor de professores de inglês (teacher trainer), já dei treinamentos, palestras e workshops em várias escolas de idiomas, associações de professores e faculdades: UNIR, UNIRON, PUC-PR, Anhanguera, UFSCar, UFPR, IBILCE, BRAZ-TESOL, APLIEPAR, APLIESP, APLISC, APIES, APIRS, Skill, Fisk, inFlux, Wizard, Wise Up, CNA e tantos outros.
Sou fundador e principal produtor de conteúdo do Inglês na Ponta da Língua, site criado em 2007 com o objetivo de descomplicar as coisas que parecem ser complicadas de se aprender em Inglês. Hoje, o site conta com mais de 2500 dicas gratuitas. Isso sem contar as dicas publicadas no Youtube, Instagram, Facebook e podcasts.
Ufa! Você já tem aí uma ideia do porquê de eu ser um dos profissionais mais citado e recomendado por outros Youtubers, professores e autores da área de inglês. O currículo é grande; mas, sempre há uma história por trás de tudo. Então, se quiser, continue lendo!
O começo foi difícil!
Vendo esse pequeno resumo de minha carreira profissional, você deve achar que eu já nasci com o inglês na ponta da língua, não é mesmo?
E se eu te contar que aprendiz inglês sozinho? E se eu ainda te contar que nunca fiz curso de inglês? E se eu também te contar que eu nunca fiz intercâmbio ou morei no exterior? Quer saber como eu me tornei o profissional fluente em inglês que sou hoje? Então, vamos lá!
Em 1987, com onze anos de idade, eu enfiei na cabeça que queria aprender inglês. Fui então falar com meus pais sobre minha brilhante ideia. Meu pai riu e minha mãe fez cara de preocupação. Do meu pai, eu ouvi que éramos pobres e que não havia a menor possibilidade de eu fazer um curso de inglês. Afinal, eram cursos caros e onde a gente morava (na roça, praticamente) não tinha onde estudar. Minha mãe, por sua vez, ficou me olhando e disse que se eu quisesse, um dia daríamos um jeito.
Ohnartse oicíni mu!
Nesse mesmo ano (1987), um tio me disse – por brincadeira talvez – que inglês era como português, mas ao contrário. Eu perguntei o que isso significava e ele respondeu que inglês era o português de trás pra frente.
Eu – inocente! – achei então que para falar inglês teria apenas de falar português de trás pra frente. E, assim, comecei meus “estudos” de inglês: lendo e escrevendo o português ao contrário. O tempo passou e eu comecei a notar que aquilo não tinha nada a ver. Percebi então que havia perdido tempo com esse negócio de português de trás para frente.
Enfim, foi um início estranho! (No subtítulo ali em cima, está essa frase aí em negrito no meu inglês daquela época.)
Melhorou um pouquinho!
Em 1989, nos mudamos para a cidade (Porto Velho, Rondônia). Fui matriculado em uma escola grande (Major Guapindaia). Essa escola tinha uma biblioteca. Isso significava que eu teria a chance de pegar livros de inglês – mesmo de séries mais avançadas – para estudar em casa.
Eu pegava os livros e os devorava. Afinal, eles eram minha primeira oportunidade para ter contato com inglês de verdade. Eu não os largava por nada.
O meu método de estudos era muito simples: ler as explicações dos livros em sequência, fazer as atividades e seguir fazendo isso até que o conteúdo se fixasse na mente.
Esses livros não tinham fitas-cassetes. Assim, a pronúncia das palavras era ensinada de modo aportuguesado. Ou seja, a palavra “hi” tinha ao seu lado a pronúncia “rái”, “hello” era “rélôu”, “cloud” era “claud”, “house” era “rauz” e assim em diante. Era dessa forma que eu aprendia a pronúncia das palavras.
Sim! Minha pronúncia era horrível! Mas, não importava! Para mim, isso era simplesmente o máximo. Eu estava aprendendo inglês! O simples fato de entender algumas palavras e repeti-las era algo fantástico.
Eu continuei usando os livros da escola por um bom tempo. Mas, chegou um momento que eu havia lido e relido todos. Já não tinha mais novidade alguma. Eu fiquei frustrado. Afinal, não tinha mais material novo para estudar.
Felizmente, apareceu uma luz no fim do túnel!
Meu “primeiro curso de inglês”!
O pastor da igreja que eu frequentava sabia do meu sonho praticamente “impossível” de aprender inglês. Assim, no início de 1991, ele me deu um conjunto de material de inglês. Esse foi o que eu chamo de meu primeiro curso de inglês.
Esse material era composto de um livro texto, um livro de atividades, um guia de estudos, 8 fitas-cassetes e um livreto com os diálogos extras das fitas. O nome de material – meu curso – era The King’s English.
Era um material antigo (década de 1950)! Mas, para mim ele era novo e significava tudo.
Diferentemente do material que eu pegava da escola, esse livro não tinha a pronúncia aportuguesada. Para aprender a pronúncia eu precisaria ouvir as fitas. Eu estava aí diante de um grande problema: nós éramos pobres e não tínhamos um toca fitas. Portanto, nada de ouvir fitas!
Continuei estudando apenas com os livros. A pronúncia eu aprendia com a ajuda de um dicionário que tinha ! Somente em 1992, eu consegui um dicionário pequeno de inglês com a pronúncia aportuguesada. Problema resolvido!
Esse era o meu curso oficial de inglês! Eu dormia com esse material ao lado da cama! Nada poderia me impedir de aprender inglês com aquele curso. Nada poderia acabar com meu sonho.
Bom! Quase nada! Pois, uma catástrofe aconteceu! Uma não! Duas!
A Primeira Catástrofe!
A casa onde morávamos era perto de um córrego no qual as pessoas jogavam lixo. Quando chovia, a água transbordava e nossa casa alagava.
Assim, em uma certa madrugada, eu acordei com minha mãe pedindo para eu ajudar a levantar os móveis da casa. A chuva era muito forte e a água suja do córrego estava inundando nosso pequeno casebre de madeira.
Quando eu coloquei os pés no chão, senti que a água estava alta. Tentando avaliar a situação ao meu redor, vi parte do meu curso de inglês boiando em um canto da casa. O livro de atividades, o livreto com os diálogos extras e o guia de estudos haviam ficado no chão ao lado da cama. Assim, com a chuva repentina, eles foram as primeiras vítimas do alagamento. Eles estavam encharcados. Eu, claro, fiquei arrasado!
Acredito que a casa tenha ficado ainda mais alagada devido as minhas lágrimas. Eu lembro de ter chorado muito. Minha mãe tentava me consolar! Mas, não adiantava.
Quando o sol apareceu, eu coloquei o material encharcado para secar. Não deu nada certo! As páginas se colaram. Os livros ficaram sujos demais. Enfim, eu os havia perdido para sempre.
O material que restou (livro texto e o dicionário) estava à salvo pois estava na cama comigo. Eu dormia com eles ao meu lado. O conjunto de fitas também estava intacto. Como eu não as usava, elas ficavam em um local alto. Esses foram os sobreviventes da primeira catástrofe. Sim! Primeira! Pois, depois aconteceu outra e ela não teve nada a ver com alagamento.
A Segunda Catástrofe
No final de 1992, fui passar as férias na casa de meus avós. Como eram férias, deixei meus livros de inglês em casa. Claro que os deixei muito bem guardados para que nada os destruísse!
Embora eu tivesse deixado os livros praticamente escondidos aos olhos humanos e de um eventual novo dilúvio em casa, eu não contei com um outro inimigo.
Você acredita que uma colônia de formigas havia tomado conta do meu curso de inglês? Sim! Formigas!
Ao chegar em casa, fui ver meu precioso curso de inglês. Ao abrir a caixinha onde eu o mantinha, ela estava infestada de formigas. Elas fizeram das minhas fitas um local para morarem.
O material ficou com um cheiro insuportável. As fitas que eu nunca consegui ouvir estavam todas úmidas. Enfim, as formigas conseguiram causar um estrago enorme no meu sonho.
O fim do sonho e início da rebeldia!
Quando me recuperei do ocorrido, fui conversar com meu pai sobre a possiblidade dele me dar uma grana para eu comprar uns livros de inglês. Eu já havia pesquisado os preços e calculei que seria possível comprar alguma coisa. Também achei que meu pai me ajudaria de alguma forma.
Ledo engano!
Naquele dia, ouvi do meu pai duas frases que me marcaram muito. A primeira foi “Livro não enche a barriga de ninguém”. Ou seja, para que comprar livros se eu não iria ganhar nada com eles? O recado era claro: “tire essa ideia de cabeça e vá arrumar algo melhor para fazer”.
A segunda frase foi, por assim dizer, a mais emblemática. Ela foi dita com um misto de sarcasmo e ironia: “Filho de pobre tem mais é que aprender a limpar o quintal do filho do rico que aprende inglês”. Em outras palavras, “você é pobre e nunca vai conseguir falar inglês; afinal, esse negócio de inglês é privilégio de pessoas com muito dinheiro”.
Pronto! Meu sonho de aprender inglês chegou ao fim. Já era! Acabou! Eu não tinha com quem contar! Eu só tinha minha vontade de aprender. Mas, o que é a fome sem comida para saciá-la? Era o fim! Não tinha mais para onde ir! O jeito era aceitar os fatos e encarar minha realidade!
Um detalhe faz toda a diferença!
No desespero e frustração, eu havia esquecido de um pequeno detalhe. Um detalhe que de pequeno não tem nada. Um detalhe que na vida da gente faz muita diferença: MÃE.
Sim! Minha mãe sempre me incentivou! Mesmo sabendo que era difícil, ela sempre achou lindo o fato do filho querer aprender inglês. Ela, ao me ver frustrado e com raiva, disse que eu não poderia desistir. Eu tinha que vencer as dificuldades e seguir em frente.
Dona Eunice – minha saudosa mãe! – nessa época (1993) trabalhava como empregada doméstica e lavava roupas. O dinheiro era para ajudar em casa. Mesmo assim, ela pegou parte do dinheirinho que ganhava, juntou com um pouco mais de dinheiro que pegara emprestado do bolso do meu pai sem ele saber e disse: “não sei quanto custa esse livro que você quer, mas acho que isso aqui ajuda!”.
Foi assim que – com a ajuda da minha mãe – eu me tornei um garoto rebelde. Eu ia mostrar ao meu pai que ele estava errado. Eu iria desobedecê-lo e não me importaria com sua raiva. Eu continuaria firme no meu propósito. Mesmo ele tendo dito que eu era pobre e tinha de limpar o terreno do rico que aprende inglês, eu não desistiria. Foi assim que me tornei um rebelde: estudando inglês com mais vontade ainda.
Consegui então comprar minha primeira gramática de inglês: Essential Grammar in Use (Raymond Murphy). Livro que eu tenho até hoje. Nem enchente e nem formigas conseguiram destruí-lo.
A Minha Tríade do Inglês
Ainda em 1993, eu arrumei meu primeiro emprego de carteira assinada. Trabalhava meio período e, claro, ganhava meio salário. Eu ajudava em casa, mas ainda assim tirava uma graninha para mim. Ao invés de gastar com o que todos os adolescentes da época queriam, eu investi em um dicionário e em uma gramática em português.
Eu chamo esses três primeiros livros de A Tríade do Inglês. Foram meus guias e mentores por muito tempo! O primeiro livro, eu citei acima – Essential Grammar in Use –, os outros dois foram: Gramática Prática da Língua Inglesa (Nelson Torres) e Dicionário Inglês-Português/Português-Inglês (Amadeu Marques e David Draper)
Ah! Devo registrar aqui que se dependesse do meu dinheiro, eu levaria uns 3 anos para montar essa tríade. Mas, eu tinha minha heroína! Minha mãe!
O início de uma carreira!
No ano de 1993, a igreja que eu frequentava começou um programa de aulas de reforço para as crianças e adolescentes da comunidade. Como eu sabia inglês, o pastor me convidou para ser o professor de inglês. Eu fiquei receoso a princípio. Mas, depois de um incentivo do pastor, eu aceitei o desafio.
Por ser um trabalho voluntário, eu não ganharia nada. Isso não importava! Para mim, aquela era uma oportunidade para não só aprender mais, mas também ensinar aos outros aquilo que eu aprendia.
Foi assim que comecei a dar meus primeiros passos na arte de ensinar inglês. Eu estudava os conteúdos. Eu preparava as aulas. Tirava as dúvidas dos alunos e alunas. Ajudava-os a fazer as atividades. Perguntava como haviam se saído nas provas na escola. Enfim, eu era o professor de inglês da comunidade.
Meu primeiro certificado de inglês!
Em meados de 1995, uma escola de inglês se instalou na cidade: Escolas Follow Me. Uma amiga havia visto no jornal que eles estavam contratando professores. Ela então me incentivou a ir lá e deixar um “currículo”. Eu achei que seria muita audácia da minha parte fazer isso! Mas, como não tinha nada a perder, resolvi arriscar. Fui lá e deixei meu “currículo”!
Esse “currículo” tinha apenas uma página. Nele estavam apenas meu nome, endereço, filiação, escolaridade e emprego. Fora isso, eu coloquei uma informação extra: Professor de Inglês Voluntário na Igreja Metodista. Não tinha nada sobre eu ter feito um curso de inglês em algum lugar e nem sobre ter sido professor em alguma grande ou pequena escola de inglês da cidade. Nem mesmo período de experiência no exterior.
Não sei o que viram no meu “currículo”, mas dois dias depois, eu estava fazendo a tal entrevista. Meu inglês era horrível! Ainda assim, fui convidado a participar do treinamento de professores. Abracei essa oportunidade com tudo. Dei o meu melhor no treinamento. Decorei os procedimentos das aulas. Enfim, fiz de tudo para conseguir aquele emprego. No final, eu estava contratado. Eu era professor de inglês com carteira assinada.
Minha carteira de trabalho era o meu certificado de “conclusão” de curso de inglês. Quando alguém pedia para ver meu certificado de inglês, eu mostrava minha carteira de trabalho.
Era só um bico; mas…
Devo confessar aqui que eu não estava muito interessado em dar aulas de inglês. Essa não era a carreira que eu havia pensado para mim. Meu interesse maior era ter acesso ao material da escola: livros, fitas-cassetes, fitas VHS, dicionários e tudo mais. Enfim, eu queria mesmo era pegar o material do básico ao avançado e aprender tudo o que estava nele.
Vinte dias após o treinamento, eu estava dando minhas primeiras aulas oficiais de inglês. Além de estar aprendendo inglês em um curso de inglês, eu estava também ganhando um dinheirinho.
Depois disso, eu comecei a pegar gosto por aulas de inglês. Era interessante ver as pessoas aprendendo.
Assim, quando essa escola fechou, eu fui logo atrás de outra. Consegui trabalhar e continuar aprendendo! Enfim, foi assim que comecei minha carreira como professor de língua inglesa.
Em 1997, decidi que essa seria minha profissão oficial. Foi assim que cheguei onde estou hoje. O que aconteceu ao longo desse período todo serviu para me ensinar tudo o que sei. Além disso, serve ainda para me ensinar que a cada dia tenho mais a aprender.
Tem ainda mais história depois desse período. Mas, vamos deixar para um outro momento. Portanto, aguarde as cenas do próximo capítulo.