Ensinar o Inglês Falado para Melhorar o Listening

[Este texto é a tradução de um texto publicado aqui em 03 de fevereiro de 2013]

Entre as quatro habilidades comunicativas presentes no ensino/aprendizado de inglês, listening é sem sombra de dúvidas a mais complicada. Para os estudantes de inglês, ela e quase indomável. Para os professores… Bom, como os professores ensinam listening? O que os professores fazem para ajudar os estudantes a desenvolver suas habilidade de listening? Claro que eles querem que os estudantes entendam o inglês falando (spoken English), mas eles estão fazendo isso do modo correto? Se estão, por que os estudantes de inglês continuam reclamando tanto por causa do listening?

Você já parou para pensar sobre o tido de inglês que você está ensinando (aprendendo) dentro da sala de aula? Não estou aqui me referindo ao trivial American English ou British English. Na verdade, estou me referindo aqui ao que podemos chamar de  Bookish English versus o Real English. Bookish English!? O que é isso?

O que é Bookish English?

Eu tenho certeza que você já deve ter notado que o inglês dos livros são um tanto quanto diferente do inglês dos filmes, músicas, seriados, bate-papos, etc. De um lado, temos o inglês como é escrito para razões pedagógicas, ou seja, Bookish English. Do outro lado, temos o inglês como ele é falado naturalmente, ou seja, Spoken English (Real English). Para deixar isso mais claro, permita-me dar alguns exemplos. Escute atentamente os áudios abaixo.

Acredite se quiser, isso é inglês sendo falado (inglês britânico). Mas, devo confessar que isso é tão estranho que até mesmo um falante nativo precisa de um intérprete. Portanto, ouça o que o intérprete tem a dizer.

Como foi agora!? Ainda continua sem entender? Está estranho!? Ok! Então, vamos ouvir o segundo intérprete.

Ótimo! Agora está bem melhor, não é mesmo? Muito mais fácil! Este é o tipo de inglês britânico que alguém vai ouvir com mais frequência na vida real. Mas, você não é chegado em inglês britânico! Então, ouça o próximo áudio.

Agora temos aí um senador americano falando no Congresso. Claro que americanos não falam assim; então, vamos reduzir um a velocidade e deixar as cosias mais naturais.

Estes são exemplos extremos do inglês falado. Não podemos esperar que os estudantes entendam isso. Até mesmo falantes nativos de inglês podem não entender. Esses exemplos foram usado aqui apenas para mostrar a você como o Spoken English é bem diferente do Bookish English.

Bookish English x Real English

Ensinar o Inglês Falado para Melhorar o ListeningNa maioria das vezes, os professores costumam esquecer dessa diferença. Embora eles saibam que há uma enorme diferença entre o inglês escrito e o falado, eles não se sentem muito à vontade para ensinar isso aos estudantes. Há muitas coisas a serem ditas sobre o assunto. Os estudantes podem se confundir. Muitas dúvidas podem surgir. Assim os professores preferem continuar presos ao inglês escrito para evitar problemas.

No entanto, os professores podem sim ajudar seus alunos a melhor desenvolverem suas habilidades de listening. Então, ensinar características do inglês falado devem estar presentes dentro da sala de aula. Ao aprender as características mais comuns do inglês falado os aprendizes desenvolvem suas habilidades de listening para o inglês da vida real e assim se tornam mais confiantes e motivados.

Melhorando as Habilidade de Listening dos Alunos

Claro que os estudantes não precisam aprender e nem descrever os tecnicismos envolvidos em análises fonéticas. A ideia é ajudá-los a reconhecer o que os falantes nativos realmente fazem com a língua quando eles a usam naturalmente nas conversas do dia a dia. Os professores deveriam mostrar aos alunos, independentemente do nível, aspectos relacionados ao connected speech tais como  weak and strong forms, elision, vowel reduction, liaison, juncture, contractions, rythm, entonation, sentence stress etc.

Ao ensinar essas características do inglês falado, as habilidade de listening dos estudantes melhoram conforme eles vão progredindo do básico ao avançado. Na verdade, eles não apenas aprenderiam como ouvir melhor, mas também como falar melhor. Notem que escrevi “básico” algumas palavras atrás. Isso é apenas para mostrar que os aspectos do inglês falado devem ser ensinados não apenas para alunos de nível intermediário ou avançado.

Como regra geral, todo estudante de inglês deveria aprender sobre essas características comuns do inglês falado desde o início. Essas características deveriam ser mencionadas no momento que um estudantes começa seu curso de inglês. Isso definitivamente evitaria muita frustração dentro e fora da sala de aula. Ouvir  inglês não deveria ser tão complexo.

Atividades de Listening

As atividades de listening na sala de aula deveriam refletir o inglês falado que os alunos certamente encontrarão fora da sala de aula quando em situações comuns do cotidiano. Eles não penariam tanto para entender suas músicas favoritas, seu filmes prediletos, seus seriados mais adorados, os programas de TV que curtem, ou as conversas normais com pessoas de verdade. Dê uma olhada nas sentenças abaixo. Ela são sentenças típicas de livros desenvolvidos para estudantes de nível básico.

  • What’s your name?
  • Got it?
  • What are you going to do now?
  • Can you give me that pen?
  • let me say that again.
  • I’ve got to go now.
  • You can count on me, ok?
  • I don’t know.
  • What do you mean?
  • Do you want to come along?

listeningQuando os estudantes se deparam com essas sentenças em sala de aula eles as lêem palavra por palavra. Os professores tem o hábito de praticar essas sentenças com os estudantes lendo e focando nos sons isolados. Os professores podem não perceber isso, mas eles estão apenas ensinando o Bookish English. Este não é o tipo de inglês que os estudantes encontrarão na vida real.

Agora, e se os professores ensinassem essas mesmas sentenças mostrando aos alunos como elas são realmente pronunciadas? E se os professores usassem um pouco do tempo de aula para mostrar aos alunos como os falantes nativos realmente falam essas sentenças ao conversarem uns com os outros? E se os professores ajudasse os alunos a produzir as sentenças do mesmo modo natural como um falante nativo? Como os estudantes se sentiriam se fosse capazes de falar e entender as sentenças acima como no áudio abaixo?

Não seria melhor para os estudantes? Eles não se sentiriam mais confiantes ao ouvir o inglês da vida real? A ansiedade e nervosismo não seriam reduzidas ao ouvirem algo ou alguém?

Para Encerrar

Se os professores começassem a mostrar ao seus alunos de nível básico como o inglês real é realmente falado (pronunciado), os aprendizes desenvolveriam de modo melhor e mais rápido suas habilidade de listening. O ensino de chunks of language (formulaic language) comumente usados em várias situações e o modo como eles são pronunciados como um todo ajudaria os estudantes a entender (ouvir) e falar inglês de modo muito melhor.

Claro que a pessoa não aprenderá as características do inglês falado da noite para o dia. No entanto, quando mais cedo os aprendizes tenham contato com os mistérios do connected speech, melhor eles ficarão ao ouvir inglês de verdade. A motivação e a confiança deles se elevarão de modo que eles pararão de reclamar tanto sobre listening.

– © Denilso de Lima, ELT Professional.

The 05 first audio files used on this text were clipped from the following Youtube videos:

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5 Comentários

  1. Aprecio e respeito seu trabalho, porém ninguém faz nada descontextualizado hoje em dia. Sem apologia aos livros, eles nos indicam o tema, algumas fotos, etc. Por mais “oral” que seja uma situação, como no telefone, por exemplo, eu sei com quem estou falando (ou peço para ela se identificar), temos um assunto em comum, e quem está ouvindo tem controle sobre o outro (can you repeat that, please?). Os exemplos são tão descontextualizados quanto bookish English… sorry.

    1. Concordo contigo, Osvaldo! Mas, a ideia do texto não é falar de exemplos e muito menos de recursos (estratégias) “conversacionais”. Na verdade, a intenção central do texto é apenas fazer com que os professores reflitam um pouco mais sobre o ensino da pronúncia. Não estou me referindo à pronúncia correta de palavras ou sons isolados, como os famigerados /θ/ e /ð/. Estou me referindo ao ensino de pronúncia de modo geral: sons individuais, sons em connected speech, word and sentence stress, rhythm, intonation. Ou seja, o ensino de segmental and suprasegmental features of pronunciation incluindo aí ainda os paralinguistics features como voice quality, tempo e loudness. Quanto mais cedo os estudantes de inglês – mesmo no básico – começarem a ter contato com esse tipo de conhecimento recheados com uma quantidade enorme de exemplos e atividades para desenvolver isso no listening e no speaking, mais confiantes os alunos se sentirão.

      Os exemplos citados foram apenas para mostrar como o inglês da vida real pode ser. Embora, seja exemplos extremos, eles servem para mostrar aos professores e estudantes que há muito mais coisas a serem ensinadas em sala de aula. Não podemos continuar apenas com regras gramaticais, lista de palavras isoladas, lista de phrasal verbs e idioma descontextualizados, diálogos enlatados para fins pedagógicos e coisas do tipo.

      No passado, essa era a norma pois os professores de inglês não-nativos não tinham à sua disposição a quantidade de livros e materiais que temos hoje. Na atualidade, pesquisas na área de linguística de corpus, neurociência, aquisição natural da língua e muitas outras juntamente com a introdução de abordagens de ensino que fazem uso dessas descobertas permitem que os professores – principalmente os não-nativos – possam ir muito além e ajudar seus alunos a desenvolverem ainda mais uma native-like fluency.

      Bom, essa é a ideia central do texto. O assunto pode continuar sendo discutido e certamente muita coisa pode ser tirada para nosso proveito como profissionais de ensino de inglês.

  2. Muito bom este texto!!
    A título de curiosidade: de onde diabos é o primeiro exemplo? Aquilo realmente não parece inglês!

    1. Olá, Vinícius! Por incrível que pareça, aquilo é inglês sim! No final da dica, eu coloquei o link de onde aquele trecho foi tirado. Dá uma olhadinha e você vai poder assistir ao vídeo com os três primeiros audio clips sem problemas. ?

      1. Nossa, é o David Bradley. Bem que eu desconfiei da voz.

        Muito curioso ver que , lá nos comentários, está cheio de americanos falando que não entenderam nada também, e perguntando se esse sotaque é comum mesmo. Hahaha

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