Esquisitices do Inglês Americano
Confesso que o título dado a este texto é mesmo esquisito. Afinal, o que será que alguém pretende dizer ao dar um título assim ao seu texto? Se você gosta de curiosidades, continue lendo. Você certamente entenderá a ideia!
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Recentemente, recebi um email no qual o leitor dizia que ele tem um professor americano de inglês e que esse professor pronuncia o artigo indefinido a como “ei” e não como “ah“, que é o mais comum. O leitor então pergunta se há uma regra para isso. Claro que eu poderia dizer que ao darmos ênfase pronunciamos “ei“, mas esse não era o caso. Pois, o professor americano dele parece pronunciar “ei” o tempo todo.
Essa observação do leitor me fez resgatar um texto que escrevi (mas não publiquei) tempos atrás falando sobre como os americanos dizem “refrigerante“. O texto tinha como base uma imagem que compartilhei em minha página pessoal no Facebook no mês de fevereiro de 2013.
Veja que de acordo com o mapa, há três maneiras de se dizer “refrigerante” no inglês americano: “pop“, “coke” e “soda“. Veja ainda que essas maneiras diferentes são características de cada região. O norte tem preferência pelo termo “pop“. Já o sul prefere “coke“. E o pessoal do oeste pede sempre por “soda“. O mapa acima é de 2003. Será que algo mudou ao longo desses 10 anos? Veja o mapa mais atual abaixo e tire suas conclusões.
O que isso significa? O que isso tem a ver com a pergunta feita pelo leitor?
Isso mostra que não há dentro de um país de língua inglesa uma unidade no que diz respeito ao uso da língua. Ou seja, dentro de um único país a língua usada comumente por seus habitantes pode apresentar inúmeras variantes. Essas variantes podem envolver estruturas gramaticais, pronúncias, nomes dados às coisas, gírias, expressões, etc. Portanto, é totalmente normal que em algumas regiões dos Estados Unidos o artigo indefinido “a” seja pronunciado como “ei” e em outras como “ah“.
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Outros exemplos da diferença de pronúncia está nas imagens abaixo. Na primeira vemos que a palavra “mayonnaise” (maionese) é pronunciada de duas maneiras. Na segunda imagem, vemos que há três modos diferentes para pronunciar “been” (forma do verbo be no Past Participle).
As diferenças regionais também se fazem presentes no mundo do vocabulário (léxico). Na imagem a seguir, você poderá notar que a rotatória (aquela bola/círculo pela qual os carros passam em determinados cruzamentos) tem nomes diferentes ou nome nenhum em certas regiões.
Já na próxima imagem é possível notar como americanos em diferentes regiões dizem “vocês” em inglês.
No que diz respeito às expressões, a coisa se complica. Afinal, uma expressão (seja ela idiomática ou não) pode ser conhecida em um canto do país e em outro não. Esse é o caso de “How’s your mom’n’em?” (Como está a família?), expressão típica de algumas regiões do sul dos Estados Unidos.
Um morador de certas regiões da Pensilvânia poderá dizer “let’s redd-up the room”. Sendo que “redd-up” significa “clean up”. Portanto, “let’s redd-up the room” é o mesmo que “let’s clean up the room”. Em Wisconsin, as pessoas poderão perguntar “How’s by you?” ao invés do clássico “How are you?”. Um texano, ao falar a um turista que ele deve seguir reto por uma rua, poderá dizer “You go up in through there” (fazendo as preposições parecerem mais infernais do que realmente são).
Essas esquisitices regionais tornam uma língua muito mais rica do que ela já é. Não se trata apenas de esquisitices do inglês americano, ma sim de algo relacionado à língua inglesa como um todo. Essas esquisitices são encontradas no inglês britânico, no inglês australiano, no inglês sul-africano, no inglês irlandês, no inglês canadense e todos os outros.
E o que fazer em relação a isso? Que inglês estudar? Como é que um estudante de inglês se vira com essas esquisitices?
A dica é sempre optar pelos padrões. Saiba mais sobre isso lendo as dicas Inglês Americano: Forma Padrão e Mito: O Inglês Britânico é Mais Fácil de Entender. Depois que você estiver bem familiarizado com a forma padrão do seu tipo favorito de inglês, você poderá – se quiser – se aprofundar e estudar essas diferenças regionais.
Claro que nem todo mundo precisa disso. O que a grande maioria das pessoas quer é aprender inglês para se comunicar naturalmente. Essas esquisitices interessam mais os linguistas, professores, autores, pesquisadores etc. Portanto, não entre em desespero.
Você, estudante de inglês, deve apenas estar ciente que as diferenças regionais dentro de um tipo de inglês existem. Elas fazem parte da cultura de cada país. Portanto, quando você encontrar algo esquisito – uma pronúncia, uma palavra, uma estrutura gramatical, seja o que for – não pense em regras, não pense em erro, não pense que você é burro… Nada disso! Pense apenas que você está aprendendo uma língua que possui inúmeras variantes regionais e que isso é muito mais normal do que você imagina.
Até a próxima!
Fontes:
- American English: history, structure and usage (Julies S. Amberg e Deborah J. Vause)
- Speaking American: a history of English in the United States (Richard W. Bailey)
muito bom amigo, legal e mais, eu já me confundia com algumas palavras, e agr dependendo da região ela altera, vlw ai
Pois é, Vitor! Isso é verdade! Mas, não vá pensar que isso é algo que deva desmotivar alguém a aprender inglês. Pelo contrário! Ninguém deixa de aprender ou falar português por causa das diferenças regionais. Portanto, saiba que o inglês considerado padrão será compreendido por todos e, portanto, não há porque ter medo do inglês. 🙂
this is high level news
Thanks, Fábio! 🙂
Thanks, Gabriele! Depois me diga o que seus alunos acharam! 🙂
Excelente, Denilso.
Nas séries que eu assisto, já prestei atenção nessa pronúncia diferente do artigo ‘a’, inclusive, pensei que essa fosse forma correta de se falar e saí falando assim xD
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Mas é isso aí. Uma vez ou outra eu acho um termo novo para uma mesma palavra, saio catando exemplos e vou aprendendo assim. No início, dá um medo, dá a impressão que é assim com todas as palavras, mas depois se torna legal porque foi algo a mais aprendido 🙂
That’s it, Luiz! O importante é não desistir e nunca achar que essas pequenas variações tornam a língua inglesa algo complicado de se aprender/adquirir.
🙂
Parabéns! muito boa a sua dica, tem nos ajudado muito a entender que essas variáveis na língua existe, e que não é necessário se desesperar. Com dedicação e tempo de estudo tudo vai se ajustando…Vlw. Take care!
É isso aí, Ademário! Tudo é que questão de tempo, dedicação e paciência. Obrigado por seu comentário e visita aqui no site! 🙂
Caro Denilson, estou fazendo o curso Rosetta Stone (versão CD-ROM) de inglês norte-americano e, às vezes, me deparo com pronúncias diferentes para uma mesma palavra, sem que o programa me diga o porquê. Será que ocorre o mesmo? Há presença de diferentes linguismos regionais?
Com certeza, Julio! Afinal, hoje em dia os materiais procuram mostrar a língua inglesa como ela é falada em várias regiões.
😉
Isso é o que chamamos de “variação linguística”. Aconteçe em todos os idiomas. Por exemplo, aqui na Bahia, a palavra masculina “rapaz” nós usamos para nos referirmos a uma pessoa, independente do sexo. Já uma pessoa que eu conheço que é de São Paulo, disse que se você chamar uma mulher lá de “rapaz” está chamando-a de lésbica.
I’ve always wondered about the correct way of pronuncing
the word ‘‘either’’ (‘‘ider’’ or ‘‘aider’’) until I saw on a tv show that
an actress said ‘‘aider’’ in one episode and then ‘‘aider’’ in another one.
Anyway,I’ve noticed that even when I’m speaking Portuguese I pronunce the same words in different ways (I’m from Curitiba and I say both ‘‘leitE‘‘ and ‘‘leitchi’’. I guess it depends on my mood or who I’m talking to..)
as variações são naturais em qualquer língua e só nos “assustamos” com ela quando estamos lidando com uma língua estrangeira. O que ocorre é que muitas vezes o aluno não tem consciência de seu próprio idioma. No português há inúmeras variantes. Penal em Santa Catarina, estojo em São Paulo… Farol e semáforo…. as inúmeras pronúncias possíveis para palavras como porta, por exemplo… É interessante que os alunos reclamam e se desesperam (não sem uma certa razão) de preposições e phrasal verbs (ou “crazal verbs”, como dizia um professor da pós), mas como explicar para um estrangeiro “Moro EM São Paulo; NA Bahia, NO Rio de janeiro, NO Guarujá, EM Sorocaba etc”… 🙂
As variações linguísticas só enriquecem o idioma e refletem a cultura, a história, os hábitos e estilo de vida de cada região. É respeitar, entender e por que não dizer, até se divertir com toda essa cartela de opções?