Professores de Inglês Qualificados [Parte II]
Depois de ter escrito o primeiro texto sobre a contratação de “professores qualificados” e a hora aula que pagam, tenho de dar continuidade ao tema. O post de hoje deveria ter o seguinte título: O Outro Lado da Moeda. Afinal, é preciso entender porque muitos donos donos de escola (e eu conheço vários) não conseguem pagar um pouco mais aos professores. É preciso entender que os pontos complicadores são: 1) mercado de ensino de idiomas e 2) falta de consciência dos consumidores. [Leia também a parte três e deixe lá seu comentário sobre o que o que é ser um professore de inglês qualificado]
Por mercado de ensino de idiomas me refiro a duas coisas: 1) carga tributária e 2) competição injusta e desonesta que rola entre as tantas escolas de inglês no Brasil. Todos sabem que a carga tributária em nosso país é um absurdo. Logo, o peso fiscal é um dos grandes contribuintes para que muitos donos de escola paguem menos pela hora/aula. Afinal, quanto maior o valor registrado em carteira, maiores os impostos a serem pagos. Assim, a lógica é: pago menos para não sofrer com os impostos.
Como se não bastasse, a concorrência desleal também atrapalha e muito. Para exemplificar, imagine duas escolas. A Escola XWT Idiomas é um curso sério, responsável, focado no aprendizado e melhor atendimento do seu público. O dono da XWT Idiomas oferece cursos e treinamentos a seus professores e incentiva ao máximo o desenvolvimento profissional constante de sua equipe. Além disso, ele procura oferecer excelente serviço aos seus clientes. Na contramão temos o Cursinho PQP Inglês. Um cursinho nada sério. O dono desse cursinho se preocupa apenas em ter mais alunos e ganhar avidamente mais dinheiro. Os professores estão lá só para enfeitar a escola (sem treinamento, sem aperfeiçoamento, sem reuniões, sem compromisso, sem comprometimento etc.).
A Escola ABC Idiomas, que procura fazer tudo certo (inclusive registrando os professores em carteira) cobra por seu curso (estrutura, serviço e excelência) o valor de R$140,00 por mês. Já o Cursinho PQP Inglês cobra a bagatela de R$60,00 (talvez menos). Nesse momento surge o terceiro fator: a falta de consciência da maioria dos consumidores.
Como os consumidores acham que cursinho de inglês é tudo igual (muda só o nome e o preço) matriculam-se no curso mais barato. Ou seja, naquele xexelento que cobra só R$60,00 por mês e não tem nada de profissional. Aqui a sentença do meu amigo inglês cai como uma luva mais uma vez: you pay peanuts, you get monkeys. Ou seja, se o cliente paga menos, leva um produto inferior, sem qualidade e sem garantia de resultados futuros.
Os clientes (alunos, pais e responsáveis) não querem pagar R$120,00 (ou mais) e ainda correrem o risco de serem reporvados no curso de inglês (estão pagando, portanto tem de passar de qualquer jeito). A Escola XWT Idiomas, uma escola séria e comprometida com o ensino e a qualidade, tem perfil pedagógico arrojado. Nela se o aluno não for bem reprova. Já no Cursinho PQP Inglês (bagunçado, sem comprometimento com o cliente e que ofecere inglês a preço de banana) os alunos passam de qualquer jeito (sempre se dá um jeitinho para que o péssimo aluno chegue ao nível avançado falando um inglês sofrível). O cliente prefere se iludir na promessa de inglês por R$60,00 do que se arriscar no de R$140,00 e levar bomba.
Resumindo: a Escola ABC Idiomas decide baixar os preços, pagar um valor baixo pela hora/aula aos seus professores, investir menos no material etc e assim não fechar as portas. O Cursinho PQP Inglês não leva nada a sério mesmo (nem os professores), portanto, vai pagar uma hora aula ridícula; afinal, “professor de inglês qualificado” se arruma em qualquer esquina.
Para finalizar, se o público em geral acha que inglês se aprende em qualquer escolinha e faz a sua escolha de curso de inglês baseada no preço, a culpa pelo péssimo ensino e hora/aula baixa dos professores é de quem? Se esse mesmo público acredita em tudo que falam a eles sobre aprender inglês em menos de 10 meses ou em 8 semanas etc, a culpa pelas falhas de ensino é de quem?
Não critico os donos de escolas sérias que lutam para oferecer o que há de melhor ao público (alunos e professores), para esses eu tiro o chapéu e dou uma salva de palmas. Acreditem no trabalho de vocês; as pessoas querem Qualidade e certamente correrão até vocês na hora certa (ou errada). Agora, quero ouvir o pessoal que está do outro lado. Deixe abaixo o seu comentário.
Acho q a sua vsão é unânime entre os "verdadeiros profissionais do ensino da língua inglesa" = aquelas pessoas que o fazem por paixão. Q realmente se importam com o aprendizado do aluno mas que , infelizmente, muitos donos de escola de idiomas não valorizam o mesmo…Não sou hipócrita ao ponto de "culpar" donos/dons de escola de idiomas do pq nós (professores…coordenadores ) não ganhamos tão bem…qnt eh "merecido"….Sempre tento ver o lado desses malditos impostos/cargas tributárias q vc citou…..por isso é que tem os dois lados…..mas tem que ter equilíbrio e justiça= apreciar e aperfeiçoar aqueles profissionais que VERDADEIRAMENTE sabem fazer BEM oq amam.
Olá, Denilso!Coincidentemente, a escola que dou aula é o ABC! hauahauahauahau (American Brazilian Center) franquia adotada pelas Microcamps de todo Brasil; não posso dizer que ali tudo é perfeito, o material deixa a desejar, poderia haver mais treinamentos e coisas do tipo; no entando, o porfessor é registrado e comissionado, e esses fatores, podem auto-motivar cada indivíduo. Eu, procurando realizar um trabalho de qualidade e me aperfeiçoar, produzo meu material extra (o qual os alunos preferem , ao invès de bitolar no book)…mas não posso negar que a segurança do registro e estímulo da comissão, ao invés das hr/aula, não me motivem a buscar melhorias..mas fato é, que cada vez vou descobrindo mais como gosto do que faço! Mesmo com a motivação $$ (que não é lá essas coisas), não vejo o aluno como cifras; o mais prazeroso é ver o desenvolvimento de cada um…Abraço,Rafaela
Denilso, outro ponto a considerar é o valor pago mensalmente pelo franqueado à franquia. Sem contar as metas de número de alunos/faturamento, estrutura física, etc.
O blog está cada vez melhor. Sou aluno do CCAA e a escola possui supervisão por ser franquia e os professores são treinados a atuarem dentro da metodologia estabelecida.Infelizmente, existem cursos "independentes" e cada qual adota a metodologia (se é que existe) que acha melhor, o que evidencia despreparo, falta de conhecimento e seriedade por parte de quem oferece o serviço.Uma dica boa para o aluno que pretende se matricular é assistir a uma aula do nível mais avançado para verificar o nível dos alunos mais antigos e constatar se realmente conversam em inglês.Cursos são excelentes mas cabe ao aluno buscar o crescimento enquanto estudante por conta própria, visitando blogs como este e tantos outros, baixando material, assistindo vídeos legendados ou não.Abraço, professor. Admiro seu trabalho e em breve vou adquirir as suas obras. Sucesso e continue esse trabalho maravilhoso.
Denilson,Parabéns pelo seu trabalho!Seria maravilhoso, se houvesse somente profissionais assim como você,mas a realidade é outra.Estou adorando receber as suas dicas.E fico sempre na expectativa do que será no outro dia.Será que você pode indicar uma dessas escolas sérias.Moro em Cotia São Paulo e pretendo fazer um curso de inglês ano que vem.
Denilso mais uma vez um post maravilhosamente necessario, pois a situação do ensino de idiomas no Brasil está muito ruim mesmo, mas graças aos profissionais apaixonados pelo que fazem como você, o Ricardo do English Made In Brazil e tantos outros profissionais que acompanham o seu blog, encontramos espaços na web onde a situação pode ser discutida com uma visão imparcial assim como você fez nas duas parte deste post: sobre professores qualificados, concordo com o que você disse e com o comentário Angela Ventura sobre franquia (assunto inclusive já abordado aqui no blog), mas voltando ao tema do post acho que para as coisas melhorem ainda falta muito e se o profissional da area (ELT) ficar só esperando as coisas acontecerem pode acabar desistindo (conheço muitos bons professores que já desistiram, pois não conseguiam "sobreviver" com dignidade), eu amo minha profissão e para mim na há nada melhor na profissão do que ver um aluno(a) desenvolver suas habilidades quanto a Segunda Língua (L2), não tem salário que pague esse sentimento, mas não dá para viver só de amor a profissão é preciso pagar as contas também e por isso estudo todos os dias, pois quero frequentar apenas as escolas ABC, sei que ainda não estou em um escola assim a minha talvez seja pior do que a XYZ, mas faço o meu melhor e brigo pelos meus alunos, pois para mim e como se eles fossem meus filhos adotivos pois toda criança aprende a sua Primeira Língua (L1) com família, então se eles aprendem a L2 comigo eles são "meus filhos", também já fui enganado pelas escolas de idioma e já vi e e continuo vendo outros serem passados para trás.Tenho um sonho:Ver o ensino de inglês (e de outros idiomas) ser levado a sério.Denilso, obrigado por contribuir com a melhoria do ensino em nosso país.Thanks!!!
Eu, hoje tenho uma pequena escola, o que nao significa que seja uma "escolinha"mto, pelo contrario. Ao inves de me submeter a ganhar um valor muito baixo e entrar num esquema que nao me agrada, optei por ter um espaço onde dou minhas aulas, as preparo muito bem, opto por bons materiais didaticos , mas pago um preço bem alto por nao ter um nome conhecido na fachada. Não o tenho porque para pagar por uma franquia, o custo é altissimo, apesar de que gostaria muito. Outro detalhe: Eu dou as aulas e quando tentei contratar um professor ( oferecendo um valor de R$ 35,00/h),no ano passado,ouvi que preferiria estar em alguma franquia apesar de ganhar um valor + baixo, estaria numa escola mais conhecida .
Uma coisa que até hoje não entendo é o porquê de você não poder abater as despesas com cursos de idiomas no Imposto de Renda. Afinal, é investimento em educação por ineficácia do Estado em prover tal formação. Talvez se isto fosse possível, sendo que só se poderiam ser deduzidos de escolas credenciadas pelo Ministério da Educação, quem sabe não teríamos um certificado de qualidade para as instituições?
Excelente tudo o que vc disse! Ficamos as vezes desanimados com a profissão e com td o que disse. Fazemos cursos, temos certificados internacionais e mesmo assim não vale de nada.
Olá Denilso, como tudo nessa vida o outro lado da moeda. A diversos fatores como você mesmo falou que influenciam as pessoas. O preço é o principal deles, aqui em minha região muitas pessoas vão pelo preço ou pela marca (eles tem aquele velho pensamento de que se for dessa escola então é bom/boa)esquecendo que em cada escola, embora da mesma bandeira os professores mudam,as vezes até a metodologia muda.Uma coisa que eu tenho em mente é que se uma pessoal realmente leva o ensino de idioma a sério, que procure trabalhar na escola ABC, sei que por questões financeiras, as vezes, isso não é possível. Mas por que uma pessoa responsável estaria no meio de pessoas tão bagunçadas e descompromissadas?Obrigado Denilso por trazer esse assunto a tona. A discussão é muito importante. Até mais!!!Renato Alves
Olá Denilso, adorei os seus comentários. Estou morando no Mississippi-EUA a dois meses é a minha primeira experiência no exterior. Estou sofrendo com o inglês. Realmente é muito difícil encontrar escolas de linguas que sejam realmente comprometidas a ensinar. Estou iniciando no aprendizado da lingua inglesa, e é muito ruim vc querer se comunicar, conversar naturalmente e não conseguir. Meu marido que fez vários anos de cusro de ingles, e no dia a dia ele tem que ler e escrever em inglês tambem tem dificuldade em falar e entender. Então estamos tentando aprender o máximo possível, mas estudar sozinho não é fácil. Assim que eu chegar no Brasil vou comprar os seus livros, fazer um planejamento de estudo e procurar uma escola comprometida para realmente aprender inglês. Aproveitando, se vc tiver um tempinho para me responder se vale a pena eu comprar livros de vocabulario e gramatica aqui, aqueles que vc indica. Pois não são traduzidos mais são muito mais baratos. Desde já agradeço e peço que Deus sempre te ilumine para que vc contunie a sua árdua jornada.abraços, Lidiane
Olá, Denilso,Interessante este debate sobre o nível das escolas de inglês. O que percebo é que os alunos de poucas possibilidades se obrigam a optar pelos cursos mais baratos ou não fazem nenhum. Em casos assim, melhor aprender um pouco do que não aprender nada. Como o mercado de trabalho está muito exigente, as pessoas se obrigam a estudar pelo menos o básico dentro de suas possibilidades mesmo não sendo na melhor escola. É triste mas é real.
Caro Denilson, para mim, figora, mais uma vez, os dois lados da moeda. Particularmente, estudei em um curso entre a faixa financeira que o aponta como bom. Não nego que era bom(estrutura e docencia), porem o método de ensino era quase um "EAD", com unidades definidas e em paralelo, a "conversation class". Com isso quero dizer que, essa coisa de aprendizagem de ligua assim como outras àreas, é relativo, pois nas duas situações, são os envolvidos os responsáveis pela diferença. Quanto aos impostos, sou plenamente favorável ao mal que ele nos faz como um todo, porem lhe digo, não se iluda com qualquer conversa originadas de instituições renomadas ou rumo a isso, muitas delas dão outros jeitos de minimizar o fantasma dos impostos e não repassam isso para a alma da empresa, os funcionários. Existe muito talento que o projaque ainda não viu!!!
Olá Denílson. Parabéns pelo seu excelente blog. O que vc escreveu é pura verdade. Trabalho em uma escola de Inglês, o valor da mensalidade não é a das mais acessíveis, mais tb não é tão barato, digamos que é considerável.Um valor justo.é uma ótima escola, faz um trabalho pedagógico bom, mais ainda falta o incentivo, o registro dos professores. Existem alguns que trabalham lá por trabalhar, assim não tem como, pq eu adoro ser professora, mais não me conformo com isso.Professores que se dizem professores apenas pq moraram um tempinho fora, e se quer estudaram realmente a Língua Inglesa. Nunca fui ao exterior, pretendo ir para estudar, pq hj , pra ser bem sincera, o mercado de trabalho de Língua Inglesa, só se preocupa se vc já morou fora. Grande Injustiça que nós sentimos realmente muito.
Existe muita escola de fundo de quintal sim, mas existem muitas escolas sérias também. O problema maior é o salário que pagam aos professores. Eu acho pior do que essas escolas são as universidades que nem preparam os professores para darem aulas, qualquer aluno de um curso de idiomas sabe mais que um professor, o professor só aprende gramática na universidade. Essas escolas que tanto criticamos aqui foi nelas que aprendemos a falar inglês, e com esforço nos aprimoramos correendo atrás.
Ainda bem que existem as escolas independentes, Edu. Porque cursinhos como CCAA são uma porcaria!
Sou professora de inglês há muitos anos e já preparei alunos para todos os exames de Cambridge e outros.
Antes para passar no FCE o primeiro exame a pontuação era 160 pontos.
Essa pontuação continua válida mas a partir de 140 pontos a Cultura Inglesa dá outros certificados com direito a comemoração na entrega desses certificados o que faz com que muitos alunos fizeram e passaram no exame.
Questão: qual a necessidade disso?
Todo mundo acha inglês uma língua “fácil”
Como estudei anos antes de dominar o idioma, o problema deve ser só meu.
Desisti da profissão que me sustentou durante décadas.
Hello, Helena!
O que eu entendo é que esses exames não possuem nota fixa para passar. Na verdade, eles dão uma nota que enquadra a pessoa dentro de uma faixa (band). Assim, a pessoa pode fazer o FCE e ficar em uma faixa que o categoriza como B1, B2 e um, digamos, -C1. Enfim, posso estar enganado, mas comigo em 1990 foi assim.
Por outro lado, outro ponto a ser discutido é que os exames de modo geral se tornaram meros produtos. Ou seja, por mais que tenham aquele peso de serem “exames internacionais”, eles se tornaram meros produtos a serem colocados à venda. Antes, eram poucos os exames. Mas, nos últimos anos uma enxurrada deles apareceu. Até mesmo aplicativos com suas dicas simples e fracas já criaram seus exames e tentam fazer com que empresas e universidades os aceitem.
Os tradicionais mudaram para atender as necessidades do mercado. Veja o CPE, por exemplo. Quando eu o fiz, ele durava cerva de 7 horas para ser feito por completo. Atualmente, esse tempo caiu para 4 horas. O mercado faz com que isso aconteça e assim tenhamos de nos adaptar (mesmo não concordando ou achando absurdo).